Por uma saúde existencial - O ser humano é indivisível.
O avanço do conhecimento, o seu crescimento exponencial, ao longo da História da Humanidade, fez este conhecimento sobre o ser humano e sobre a vida serem compartimentados.
Paradoxalmente, ao ampliarmos o conhecimento, o compartimentamos e criamos a figura do especialista. Por exemplo, uma pessoa não se torna médico.
Ela se torna especialista em ortopedia, ou em mão, ou em pé.
Qual o problema dessa divisão? Embora o conhecimento sobre o ser humano tenha sido compartimentado, o ser humano continua um ser integral. Ele não tem corpo e mente, ele é inteiro, um todo, indissociável, interligado, o tempo todo.
Depois de dividir o conhecimento sobre o ser humano em “Disciplinas” criou-se a “Equipe Multidisciplinar”. Idealmente, essa equipe deveria existir sempre e trabalhar em conjunto e não ser apenas a inclusão de diversos profissionais que não se comunicam ou pouco se comunicam, no atendimento a uma pessoa. Essa equipe deveria se saber inserida num contexto socio-politico-cultural e buscar transformar achados de pesquisas em Saúde Publica em Politicas Publicas, para que o conhecimento não se restrinja ao fornecimento de títulos aos profissionais, mas feche seu ciclo, levando conhecimento e melhoria para a sociedade.
Na prática, nem sempre essas equipes são montadas e quando as pessoas são atendidas por todos os profissionais que precisam, esses profissionais-especialistas pouco ou nada se comunicam e esse atendimento ou tem um custo elevado, no âmbito do atendimento particular, ou tem um tempo delimitado, no âmbito do serviço público. Tanto o custo elevado quanto o tempo delimitado tornam-se problemas em Saúde Publica, porque muitos tratamentos precisam de atendimento contínuo ou recorrente, justamente porque a estrutura socio-politica-cultural que o gestou e o pariu permanece igual.
Com o avanço da longevidade e da solidão (pessoas que moram sozinhas e casais sem filhos) e do intenso movimento migratório (muitas vezes os poucos filhos moram fora)* a criação de estruturas de cuidado que considerem a indivisibilidade do ser humano, como um ser integral que sempre será, e considere o contexto sócio-político-cultural, é urgente.
A criação dessas estruturas de cuidado, em medidas diferentes, depende de todos nós.
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*Recomendo a leitura do meu texto “Avanço da solidão, da longevidade, das imigrações, do número de animais domésticos e juventude isolada.”
https://cristianejatene.blogspot.com/2025/04/avanco-da-solidao-da-longevidade-das.html?m=1
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