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Mostrando postagens de abril, 2025

Por uma saúde existencial - O ser humano é indivisível.

O avanço do conhecimento, o seu crescimento exponencial, ao longo da História da Humanidade, fez este conhecimento sobre o ser humano e sobre a vida serem compartimentados. Paradoxalmente, ao ampliarmos o conhecimento, o compartimentamos e criamos a figura do especialista. Por exemplo, uma pessoa não se torna médico. Ela se torna especialista em ortopedia, ou em mão, ou em pé. Qual o problema dessa divisão? Embora o conhecimento sobre o ser humano tenha sido compartimentado, o ser humano continua um ser integral. Ele não tem corpo e mente, ele é inteiro, um todo, indissociável, interligado, o tempo todo. Depois de dividir o conhecimento sobre o ser humano em “Disciplinas” criou-se a “Equipe Multidisciplinar”. Idealmente, essa equipe deveria existir sempre e trabalhar em conjunto e não ser apenas a inclusão de diversos profissionais que não se comunicam ou pouco se comunicam, no atendimento a uma pessoa. Essa equipe deveria se saber inserida num contexto socio-politico-cultural e...

Luto, um processo contínuo e peculiar - por Cristiane Jatene

Este texto tem o principal intuito de comentar, de destrinchar, uma fala de Cissa Guimarães no programa “Sem Censura”, da TV Brasil, que pode nos ajudar a entender como acontece o luto e, nesse sentido, nos ajudar a compreender um pouco mais sobre a condição humana. Cada luto é único, mas algumas características são comuns em quem precisa continuar a viver com uma parte de si morta. Morta para o mundo, morta concretamente, e não morta para quem vive o luto. Este é um ponto importante para compreendermos a dor que o luto por morte de alguém causa: aquela pessoa tão viva em nós, na nossa identidade, não está mais presentificada. N a minha conta do Instagram, gravei três vídeos sobre luto*.  O primeiro vídeo foi sobre o luto de pessoas amadas, e que nos amavam, que fizeram parte da constituição da nossa identidade, e que morreram. O segundo vídeo foi sobre o luto de pessoas vivas que se transformaram a ponto de ser impossível a continuidade da relação. As pessoas seguem vivas, mas a...

Luz e sombra existenciais*

  A Psicologia, em suas várias abordagens, fala, de diferentes formas, no que está oculto, inconsciente, velado, na sombra, e como o que está ali que precisa ser desvelado, descoberto, conhecido e entendido. Jung falava que na metanoia da vida, que na época era por volta dos 40 anos e na contemporaneidade deve ser por volta dos 60 anos, tínhamos a oportunidade de integrarmos nossa sombra. Algo como tudo que nos chama, mas que não havíamos vivido até então, poderíamos, por exemplo, mudar de profissão, começar um “hobby” novo. Recomendo o pequeno livro da psiquiatra brasileira pioneira no uso da arte para internos psiquiátricos, Nise da Silveira, “Jung: Vida e Obra”. A Psicanálise fala num inconsciente substantivado que teria o poder de governar as nossas vidas até desvendarmos esse manancial. A Psicologia Comportamental fala em função do comportamento. A análise funcional teria o propósito de identificar qual a função de um comportamento considerado disfuncional. A Terapia Narrativa...

Desentendimento por Política, é por valores*

Sou da Fenomenologia-Existencial. Uma corrente filosófica com muitas vertentes. A fenomenologia de Martin Heidegger, que desenvolveu sua “Ontologia Fundamental” e descreveu como ninguém a condição o humana, é a que pratico: Fenomenologia-Existencial Hermenêutica. A obra de Heidegger foi usada como referencial no século XX por dois psiquiatras suíços , Boss e Binswanger, para desenvolverem uma clínica fenomenológica. E até hoje, nós, que seguimos essa linha, procuramos a prática dessa clínica, desenvolvendo pesquisas e estudos na abordagem. Depois surgiu a Psicologia, uma disciplina que nasce do encontro da Filosofia e da Biologia e, por isso, há linhas com modelo mais médico e outras com modelo mais filosófico. Embora alguns achem que os cinco anos da graduação de Psicologia e mais as diversas pós-graduações que fazemos sejam inúteis eu não concordo que um psiquiatra possa ser também psicoterapeuta e digo a razão. Terapeuta não pode medicar.   E o que a Filosofia faz, ...